E
R V A D O C E
Em resposta a um anónimo ou anónima que me pede mais
esclarecimentos neste blogue, sobre erva doce, venho com todo o gosto
responder, fundamentada em algumas pesquisas bibliográficas, bem como
do resultado de trabalho de campo, incidente em locais
onde a respectiva planta se encontra
espontaneamente.
Um ramo com os
respetivos troncos, folhas, flores e frutos, onde estão incluídas as sementes
A erva doce é o principal
condimento das broas da quadra de todos os santos, poderia mesmo chamar-se a
essas broas, bolos de erva doce.
A vulgar erva doce,
assim conhecida em condimento embalado no comércio, é oriunda da bacia do Mediterrânico e habita entre
nós conhecida também com o nome de funcho.
É conhecida também, noutras regiões por anis doce, finóquio e maratro, sendo o seu nome científico Foeniculum vulgare Mill, Mill por
lhe ser atribuído o nome do botânico que
a classificou.
É uma planta herbácea, perene, muito vulgar em Portugal principalmente na
região sul, onde se encontra mais influente
a florística mediterrânica.
Contém um acentuado
aroma, sendo por isso muito usada na confeção de bolos e bebidas e, insubstituível nas broas de todos os santos.
A Foeniculum vulgare Mil, tem grande
semelhança aromática com a Pimpinela anisum, conhecida por anis.
Devido a essa semelhança, também lhe chamam anis ou erva anizada, mas o
seu aspeto morfológico é muito diferente.
Aqui
temos uma outra imagem do funcho, quem não a encontrou já na beira dos caminhos
de terrenos secos e climas áridos.
Não precisamos de ir muito longe, se dermos um passeio pelos
fortes das linhas de Torres Vedras, encontramo-la com certeza e nem precisamos
de tanto. Posicione-se na retunda da ribalta ao sair de Torres Vedras, à sua
direita encontra vária plantas de funcho. A maioria delas não chega a dar
semente devido à secura e falta de nutrientes no solo, mas se tiver um pouco mais de
condições favoráveis elas aí estão com sementes perfumadas e próprias para
consumo alimentar.
Mas apesar de ser uma planta de sequeiro, consegue
cultiva-la num vaso, desde que não a
regue demasiado. Aqui a tem num pequeno vaso, exposto bem ao sol num quintal
doméstico.
Não lhe posso oferecer através da imagem o que ela tem de
mais importante, o seu aroma, esse só no local.
Não me admira a sua exclamação, porventura também admiração,
porque a mesma já foi minha e continua a ser relativamente a tantas outras
plantas que nos cercam às quais não damos importância.
Desta ignorada planta, não
obstante o seu porte chegar a atingir mais de um metro de altura, podemos retirar vários aproveitamentos.
Qualquer das partes da planta,
pode ser usada conforme a utilização que lhe queiramos dar.
Do caule e folhas pode fazer-se sopa,
aromatizar saladas e pratos de carne ou peixe, bem como cozinha-los em estufados ou guisados. Como alimento, o funcho
é rico em fibras e pobre em calorias, logo indicado para dietas pouco
calóricas.
Da raiz pode fazer-se decoção ( tisana) a que vulgarmente se chama chá, pode também torrar-se e moer -se para condimento.Das sementes inteiras faz-se o chamado chá, aromatizam-se alguns
cozinhados, como as castanhas cozidas, fazem-se licores e aromatizam-se
cremes de pastelaria.
E, não fica por aqui o
aproveitamento do funcho, para além de alimento e condimento, a planta tem virtudes medicinais conhecidas de tempos
remotos e ligadas a diferentes civilizações como a romana, a chinesa ou a
indiana.
São conhecidos da História os seus efeitos dietéticos contra a
obesidade, sendo ainda hoje o seu
chá recomendado para esse efeito.
O chá da semente de funcho, para
além de ser uma agradável bebida, é um tranquilizante recomendado pela medicina, ao
longo dos séculos, para tratamento de
insónias e de vários problemas de saúde.
Existe uma basta literatura sobre as virtudes do funcho, planta usada por
conhecidas personalidades ao longo da Historia da civilização humana, da qual se indica algumas fontes de referência para esta
pesquisa.
Pesquisa de Palmira Cipriano Lopes
Fontes:
Gardé, Alberto e Nydia, Culturas Hortícolas,
Livraria Clássica Editora, p.458.
Sakai,
Zélia, Chá das Cinco Estações, Sete Caminhos, pp 45 a 48.
Olá Palmira...!!!
ResponderEliminarLi com muita atenção esta sua explicação sobre a "erva-doce".
Na verdade não sabia, de todo, que erva-doce e funcho são a mesma planta...!!
Sempre achei que eram coisas diferentes....
Em criança ouvia a minha avó falar em "erva-doce" para as broas e "funcho" para os figos (porque após a colheita os figos eram secos e depois acomodados em caixas de madeira, às camadas, com o dito funcho), o que me levou a pensar que eram duas ervas distintas...!!!
Beijinho
Albertina
Conheço muito bem o funcho-erva doce, cultivo-o e consumo-o em comida e bebidas
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