quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ERVA DOCE

E R V A   D O C E



Em resposta a um anónimo ou anónima que me pede mais esclarecimentos neste blogue, sobre erva doce, venho com todo o gosto responder,  fundamentada  em algumas pesquisas bibliográficas, bem como do  resultado  de trabalho de campo, incidente em locais onde  a respectiva planta se encontra espontaneamente.


Um ramo com os respetivos troncos, folhas, flores e frutos, onde estão incluídas as sementes

 A erva doce é o principal condimento das broas da quadra de todos os santos, poderia mesmo chamar-se a essas broas,  bolos de erva doce.

A vulgar erva doce, assim conhecida em condimento embalado no comércio, é oriunda  da bacia do Mediterrânico e habita entre nós  conhecida também com o nome de funcho. 

É conhecida também, noutras regiões por  anis doce, finóquio  e maratro, sendo o seu nome científico  Foeniculum vulgare Mill, Mill por lhe ser atribuído o nome do  botânico que a classificou.

É uma planta herbácea, perene,  muito vulgar em Portugal principalmente na região sul, onde se encontra mais influente  a florística  mediterrânica.

Contém um  acentuado aroma, sendo por isso muito usada na confeção de bolos e bebidas e,  insubstituível nas broas de todos os santos.

Foeniculum vulgare Mil, tem grande semelhança aromática com  a Pimpinela anisum, conhecida por anis. Devido a essa semelhança, também lhe chamam anis ou erva anizada, mas o seu  aspeto morfológico é  muito diferente.



Aqui temos uma outra imagem do funcho, quem não a encontrou já na beira dos caminhos de terrenos secos e climas áridos.
Não precisamos de ir muito longe, se dermos um passeio pelos fortes das linhas de Torres Vedras, encontramo-la com certeza e nem precisamos de tanto. Posicione-se na retunda da ribalta ao sair de Torres Vedras, à sua direita encontra vária plantas de funcho. A maioria delas não chega a dar semente devido à secura e falta de nutrientes no solo, mas se tiver um pouco  mais  de condições favoráveis elas aí estão com sementes perfumadas e próprias para consumo alimentar.






Mas apesar de ser uma planta de sequeiro, consegue cultiva-la num vaso,  desde que não a regue demasiado. Aqui a tem num pequeno vaso, exposto bem ao sol num quintal doméstico.
Não lhe posso oferecer através da imagem o que ela tem de mais importante, o seu aroma, esse só no local.

Não me admira a sua exclamação, porventura também admiração, porque a mesma  já foi minha e  continua a ser relativamente a tantas outras plantas que nos cercam às quais não damos importância.
  
Desta ignorada planta, não obstante o seu porte chegar a atingir mais de um  metro de altura,  podemos   retirar vários  aproveitamentos.
Qualquer das partes da planta, pode ser usada  conforme  a utilização que lhe queiramos dar.
 
 Do caule e folhas pode fazer-se sopa, aromatizar saladas e pratos de carne ou peixe, bem como cozinha-los em  estufados ou guisados. Como alimento, o funcho é rico em fibras e pobre em calorias, logo indicado para dietas pouco calóricas.


 Da raiz pode fazer-se decoção ( tisana)  a que vulgarmente se chama  chá, pode também torrar-se  e moer -se para condimento.Das sementes inteiras  faz-se o chamado chá, aromatizam-se alguns cozinhados, como as castanhas cozidas, fazem-se licores e   aromatizam-se  cremes de pastelaria.

E, não fica por aqui o aproveitamento do funcho, para além de alimento e condimento, a planta  tem virtudes medicinais conhecidas de tempos remotos e ligadas a diferentes civilizações como a romana, a chinesa ou a indiana.

São conhecidos da História  os seus efeitos dietéticos contra a obesidade, sendo ainda hoje o seu  chá  recomendado  para esse efeito.

O chá da semente de funcho, para além de ser uma agradável bebida, é um tranquilizante recomendado pela medicina, ao longo dos séculos, para tratamento  de insónias e de vários problemas de saúde.

Existe uma basta literatura sobre as virtudes do funcho,   planta  usada por  conhecidas personalidades ao longo da Historia da civilização humana,  da qual se indica algumas fontes de referência para esta pesquisa.

                                 Pesquisa de Palmira Cipriano Lopes

Fontes:
 Gardé, Alberto e Nydia, Culturas Hortícolas, Livraria Clássica Editora, p.458.
Sakai, Zélia, Chá das Cinco Estações, Sete Caminhos, pp 45 a 48.




2 comentários:

  1. Olá Palmira...!!!
    Li com muita atenção esta sua explicação sobre a "erva-doce".
    Na verdade não sabia, de todo, que erva-doce e funcho são a mesma planta...!!
    Sempre achei que eram coisas diferentes....
    Em criança ouvia a minha avó falar em "erva-doce" para as broas e "funcho" para os figos (porque após a colheita os figos eram secos e depois acomodados em caixas de madeira, às camadas, com o dito funcho), o que me levou a pensar que eram duas ervas distintas...!!!
    Beijinho
    Albertina

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  2. Conheço muito bem o funcho-erva doce, cultivo-o e consumo-o em comida e bebidas

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