Ao dia de Todos os
Santos também se chama o dia do Pão por Deus. Esta tradição está carregada de simbologia pagã que remonta
ao tempo dos romanos.
A religião é um
forte vínculo da união de um povo e de uma civilização. Os romanos que
praticavam a religião pagã e a disseminaram no mundo por onde passaram,
anteriormente à religião cristã, festejavam as quatro Estações do ano,
Solstício de Verão, Solstício de Inverno, Equinócio de Primavera e Equinócio de
Outono.
No Equinócio de
Outono festejavam as colheitas e louvavam, por elas, ao Deus Sol. A religião
cristã procura dar a essas quadras o sentido cristão, que inicialmente não
tinham. No princípio do cristianismo os
santos venerados eram apenas os mártires com as celebrações em seu louvor
prestadas nos subterrâneos das catacumbas.
No século VIII, Gregório III manda erigir na Basílica de S.
Pedro em Roma, a capela dedicada ao Divino Salvador e a sua
Santíssima Mãe, aos apóstolos e a todos os mártires e confessores. Começou por
aqui a prestar-se culto a todos os
santos da igreja.
No século IX o
Papa Gregório IV fixa a data desta religiosidade para 1 de Novembro,
tornando-se universal no mundo católico e constituindo uma das principais solenidades da religião cristã.
No final do século
X a Igreja Católica associa a estas
celebrações às de devoção pelos fieis
defuntos e orações pelo seu eterno
descanso, mas o povo não se dissocia das
tradições pagãs e continua a festejar o Equinócio com as práticas
antigas associadas às colheitas e à
abundância.
Mais tarde, a
Igreja passou a devoção dos defuntos
para o dia 2 de Novembro, ficando o dia 1 dedicado a todos os santos. Separando esse dia do da devoção pelos
defuntos, o povo continuou a manter as
antigas devoções pagãs, que festejavam a abundância, das colheitas.
A tradição do Pão por Deus está assim associada às praticas
pagãs da abundância, práticas que a Igreja, com o tempo tem vindo a cristianizar,
ensinando que, por Deus, os mais abastados repartam com os mais necessitados.
Assim se instalou
o costume de repartir as colheitas, engrossando nesse dia as esmolas e por esse
ato caritativo alcançar merecimento de
um lugar no céu, procedimento que fazia com que
a festa da abundância
chegasse a todos.
O povo assim o
interpretou e continuou, ainda que
de modo diferente, a praticar a tradição pagã, que até hoje prevalece.
O peditório do Pão
por Deus, feito pelas crianças, à porta dos vizinhos e amigos, bem como o
presente das broas ou iguarias
equivalentes, não representam hoje qualquer
sinal de pobreza, nem tão pouco de culto Pagão ou Cristão.
Elas representam,
antes, um sinal de que o povo se agarra a símbolos do passado, que completam as suas vivências do presente, ainda que
muitas vezes, sem dar qualquer importância às
suas origens ou ao significado que então tiveram.
BROAS DOS SANTOS
Ingredientes
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Quant.
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Ingredientes
|
Quant.
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Farinha
|
1kg
|
Nozes
|
100g
|
Fermento
pad.
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50g
|
Pinhões
|
50g
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Bicarbonato
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1 c/ chá
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Limão,
casca
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de ½
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Açúcar
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500
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Erva doce
|
100g
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Margarina
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200
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Água
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≈ 2,5dl
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Azeite
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½ dl
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Sal
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1 pitada
|
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Confeção:
Ferve-se a casca de limão na
água, deixa-se arrefecer até ficar morna.
Deita-se num alguidar a farinha, o bicarbonato, a erva doce, o sal, o fermento desfeito na água morna da fervura do
limão e a margarina amolecida.
Misturam-se todos os ingredientes e começa a amassar-se
ligando-os bem até humedecerem, se for necessário vai-se deitando pequenas
gotas de água, mas com muito cuidado, porque a massa deve ficar homogénea, mas
dura.
Quando a massa se começa a
despegar das mãos e a ficar um pouco rendada e elástica, é sinal de que a
amassadura está pronta.
Nesta altura juntam-se as frutas
envolvem-se bem na massa, faz-se uma bola no próprio alguidar, cobre-se com um
pano de algodão branco, abafa-se com um cobertor e deixa-se a massa levedar em
ambiente moderado e estável durante umas duas a quatro horas.
Depois da massa leveda, retira-se do alguidar, separam-se pequenos bocados que
se moldam, com as palmas das mãos, em forma de pequenas bolas, que se colocam
num tabuleiro previamente untado com margarina, forrado com papel vegetal,
também untado ligeiramente e polvilhado
com farinha.
Leva-se o tabuleiro ao forno
previamente aquecido, a temperatura de 200º durante 20 a 30 minutos, passando a
meio da cozedura para temperatura mais baixa. ( se for em forno de lenha, conforme com a
tradição, então terá que se conhecer as normas desse tipo de forno).
Quando as broas se apresentarem cozidas, retiram-se
do forno e colocam-se sobre uma
rede ou diagonalmente noutro tabuleiro, sobre
um pano até arrefecerem.
Depois de frias podem sobrepor-se
e guardarem-se, até três a quatro semanas em recipiente bem fechado, para que
não amoleçam.
Nutrientes por 100g
≈
|
V. E.
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Prot.
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Gord.
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H.C.
|
F.A.
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kcal
|
g
|
g
|
g
|
g
|
|
422
|
7
|
16
|
63
|
2
|
Obs:
Estes
bolinhos, tradicionais da região saloia, chamados broas, datam da antiga civilização pagã, que
celebrava a festa equinocial relacionada com as colheitas em louvor aos
deuses, sobretudo ao deus sol, mas também à formenta, deusa do pão. A igreja
católica instituiu em seu lugar a festa de todos os santos, tocada pela devoção
aos finados. Conservando-se da antiguidade o agradecimento pelas colheitas,
expresso pelo gesto caritativo do «Pão
por Deus» que se dá e se recebe.
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