S. MARTINHO, CASTANHAS E VINHO
Está a chegar o S. Martinho e
de novo o vinho, mas de vinho  já falamos
que chegue por enquanto.
Vamos às castanhas.
Há tantas maneiras de preparar
castanhas, no entanto prevalecem sempre as assadas. porquê ? Será de
perguntar  nas zonas dos soutos de
castanheiros, como começaram a aparecer os magustos.
 Depois, as castanhas assadas  nem  precisam de receita, quanto às de  cor acinzentada, apregoadas ”quentes e boas” essa  é segredo que só os assadores de rua conhecem.
Cozidas, basta que tenham  ou não tenham
erva doce e isso é uma questão de gosto.
É verdade, a
preposito de erva doce, já a encontrou alguma vez na beira da estrada? Repare
bem, ela costuma habitar em terrenos altos e secos, também se lhe chama funcho,
pois que na verdade ela  é uma das suas
espécies. Aquela que tem exactamente o aroma que conhecemos, o da erva doce que
adquirimos moída e embalada.
Bom, mas
voltamos às castanhas, são muitas  as
receitas com castanhas, sejam salgadas, ou doces. 
Mas antes  vamos ao atum de barrica, associado às adiafas
da vindima e sempre lembrado na estação do Outono.
Não gosta de atum de barrica?
Prepare-o bem e verá que é bom!, mas também pode ir pelas caras de bacalhau,
também não gosta? Então escolha sardinhas de Peniche, de Peniche, porque só as
de Peniche são boas neste tempo.
Vamos lá ao atum: 
                                 BATATAS
COM ATUM DE BARRICA
Ingredientes: (para
8 doses)  
1,5kg  de atum de barrica, 2,5 kg de
batatas; 300g de cebolas; uma folha de couve dura; orégãos; azeite e vinagre
q.b.
Ponha o atum de molho no mínimo
24 horas e mude-lhe a água várias vezes. 
Ponha-o  a cozer em 
água inicialmente  fria com uma folha
de couve dura que deve retirar  e deita
fora, a função da couve é absorver o ranço do atum. 
Quando o atum estiver cozido
retire-o da água da cozedura, retire a folha de couve e ponha-o  em água a ferver com um ramo de oregãos,
prove de sal se estiver insonso tempere-o na conta certa, deixe-o ferver mais
cerca de 5 minutos, de seguida escorra-o bem 
e deixe-o ficar na panela.
À parte coza as  batatas com casca e abertas ao meio e as
cebolas descascadas, mas inteiras, apenas com um golpe em cruz incidido no pé,
para que fiquem mais bem cozidas e penetrada de sal. 
Quando as batatas e as cebolas
estiverem cozidas escorra-as bem da água da cozedura e deixe-as ficar abafadas
na panela.
Para servir coloque o atum
numa  travessa, seguidamente descasque as
batatas e coloque-as noutra travessa juntamente com as cebolas e sirva  imediatamente. O tempero de azeite e vinagre
é deitado directamente no prato, cada um à sua vontade.
O pão saloio  vinho tinto carrascão fazem uma boa parceria
neste prato rústico de adiafa.
 Calorias, depende do azeite que lhe deitar. O atum fresco tem 140 kcal, as batatas têm 89, as cebolas têm 17 e o
azeite tem 900,  todos por 100g.
Não quer
mesmo experimentar o atum de barrica? Também não aprecia vinho cascarrão, então tem 
completa absolvição.
Não desanime, experimente um
bolo de castanhas.
Escolhi,  a meu gosto, uma receita confiante de que vai
gostar. 
BOLO DE CASTANHAS
300g de  miolo de castanhas ( cerca de 400g cruas com
casca); 250g de açúcar; 6 ovos; 2 colheres de sopa de mel; 50g de farinha; 1
colher de sobremesa de canela; 1 colher de café de fermento em pó.                 
Nutrientes
por 100g
 ≈ 316 kcal; 4g de proteínas; 8g de gordura,
55g de H.C.; 2 g de F.A.
Confecção:
Antes de mais
junte à sua volta os utensílios e ingredientes necessários, unte com margarina
uma  forma, de preferência com  chaminé, e forre-a com papel vegetal, também  ligeiramente untado, no qual abriu um buraco ao
meio. 
Lave as  castanhas, golpeie-as, coza-as com a casca
golpeada, depois de cozidas descasque - as enquanto quentes, passe-as  pelo passe
vite e reserve-as. 
Junte  o açúcar com 
as gemas e bata bem a mistura, até ela se apresentar num creme fofo e
esbranquiçado. 
Junte a este
creme as castanhas passadas, a canela e o mel e misture muito bem.
 Seguidamente bata as claras em castelo e
envolva-as suavemente com o preparado. 
Por último junte
 levemente farinha, peneirada com o
fermento, com movimentos longos e lentos. 
Deite o
preparado na forma  e leve-a  ao forno moderado durante cerca de 60
minutos. Verifique  se está cozido,
espetando o bolo com um palito, se o palito sair seco o bolo está cozido e deve
retira-lodo forno. Deixe  arrefecer um
pouco e desenforme-o puxando pelas pontas do papel.
Experimentou o bolo de castanhas, gostou? Já sabia! 
Então vai também experimentar  umas brindeirinhas, que não são nem bem doces, nem bem salgadas.
São as brindeirinhas de S. Martinho, feitas com açúcar e torresmos.
Já estou a
ouvir, que coisa é essa, açúcar e torresmos? - São coisas de saloios, mas o que
é saloio é bom!
Sem mais
conversa vamos às  brindeiras.
BRINDEIRINHAS
DE S. MARTINHO
As brindeirinhas de S. Martinho,
eram um aproveitamento dos recurso de uma época passada.
 A canela é já um acrescento da modernidade,
inicialmente era apenas a erva doce que vinha ajudar  o açúcar ou mais antigamente o mel. 
Os torresmos das matanças de
porco que começavam no fim de outono, princípio do inverno, eram sempre
aproveitados nas brindeiras, estas e as de milho.
As nozes e as passas mais usadas
para o Pão por Deus, celebrado a um de Novembro,  também havia quem reservasse algumas para as brindeiras de
S. Martinho. 
Ingredientes:
800g de farinha de trigo; 200g de
farinha de milho; 50g de fermento de padeiro; 1 colher de chá de bicarbonato;
400g de açúcar louro;400g de torresmos; ½ dl de azeite; 40g de erva doce; 1
Colher de chá de canela; 2,5dl de água; 1 pitada de sal. 
Nutrientes
por 100g
 ≈ 377 kcal; 5g de proteínas; 13g de gordura,
61g de H.C.; 0,5 g de F.A.
Confecção:                              
Junte num
alguidar, a farinha, o bicarbonato, o açúcar, a erva doce, a canela e os
torresmos partidos aos bocadinhos pequenos. Facultativamente pode  adicionar passas e ou nozes, devendo, nesse
caso,  ter em conta os  valores nutritivos dos mesmos que não foram quantificados nesta receita.
Desfaça  o fermento com água morna, misture muito bem
e amassa-se todos os ingredientes, deitando água aos pouquinhos e com muito
cuidado, para que não seja demasiada.
 Amasse 
até a massa estar na consistência certa, a qual se percebe, quando  começa 
a despegar das mãos, embora o ponto certo, só a experiência o possa
indicar. 
Quando a massa está pronta,
faça  uma bola com ela, polvilhe com
farinha, cubra  o alguidar com um pano,
abafe-o com outro mais grosso  e deixe a
massa levedar em ambiente moderadamente aquecido  e estável, durante 2 a  3 horas, até ela crescer
para cerca do dobro. 
Nessa altura, tenda pequenos
pãezinhos (brindeiras), coloque-as num 
tabuleiro untado com uma gordura (a margarina é a mais comum) e polvilhado
com farinha e leve o tabuleiro  ao forno
previamente aquecido, durante cerco de 30 minutos.
Quando  as brindeiras se apresentarem cozidas, o que
se vê pelo aspecto,  retire-as do forno,
coloque-as  sobre uma rede ou arrume-as
num tabuleiro forrado com um pano branco de algodão,  inclinadas e não sobrepostas umas às outras. 
Cubra-as com outro pano e
deixe-as  arrefecer. 
Depois de frias pode guarda-las,
conservam-se durante uma semana ou mais  sem perder qualidade.
Se não voltarmos a falar mais
este ano de S. Martinho e da  gastronomia
desta época, embora haja muito mais de que falar, mas como se diz, cada coisa
lembra no seu tempo e daqui a pouco este tempo já passou. 
Vou apenas levantar a curiosidade
para a associação que se estabelece entre o vinho e o santo Martino. Por quê? Certamente por ser
tempo de colheita das uvas!  Pois que também existe o adágio popular – pelo S. Martinho vai à adega e prova o vinho-.  Quanto às castanhas? Será  a mesma coisa, é a época delas:
 A gastronomia é isso, tem as suas regiões, as
suas épocas, em suma a história de cada povo contada através da comida e da
bebida. 
Voltando à questão do santo e do
vinho. A História conta-nos a estrondosa importância que teve a vida deste
homem no mundo, mas a lenda acrescenta mais alguma coisa, ou antes, omite umas
e acrescenta outras.
O imaginário popular está cheio de
fantasias em todo o mundo, mas curiosamente a maioria  delas com alguma história.
 Assim se passa com a lenda de S. Martinho que
vale a pena fazer alguma pesquisa sobre ela e compara-la com a verdade
histórica. 

      
Só hoje dei com este Blog.....Como me escapou tanto tempo...!!
ResponderEliminarÉ claro que não são receitas para um leigo fazer....mas são certamente
para ler e absorver o muito que tem de interesse....Não sou bom a escrever,
mas sou a observar....portanto voltarei a passar....
Abraço
Olá Palmira...
ResponderEliminarEste é mais um conjunto de óptimas receitas próprias desta época....!!!!
Parabéns pelo belíssimo post.
Bjs.
Albertina