sábado, 12 de outubro de 2013

OUTONO, TEMPO DE VINDIMA

          










Como estamos em tempo de vindima e por isso nos lembramos da sopa de adegueiro que, como o nome sugere, é feita com vinho, venho trazer-lhe  uma  sobremesa feita também de vinho.
Sabe o que são sopas de cavalo cansado? Já ouviu falar certamente! O que talvez não saiba é que antigamente se arraçoava os cavalos e outros animais de trabalho com uma farinha grosseira de cereais moídos, chamada sêmea, amassada com palha a que se chamava palhada.

Para que os animais tivessem mais força e se repusessem do cansaço do dia, era adicionada à água que molhava a palhada para a ração da noite, um pouco de vinho.

O vinho e o azeite eram dois providenciais remédios quer para as pessoas, quer para os animais e não só vinho.

 Pensa que os animais não comiam também azeite?  Comiam sim! Quando um animal se apresentava doente, para além dos chás, virtuosos para tratamento de males dos humanos que eram também dados aos animais era, em muitos casos, utilizado também o azeite. Mas, voltamos às sopas de cavalo cansado.

Já todos ouvimos falar das sopas de vinho para dar força, não? Pois é, as sopas de vinho eram isso mesmo, pão partido em bocados e regado com vinho misturado com caldo da sopa ou com água e um pouco de açúcar e por vezes canela também.

O que ainda lhe falta saber é que essa mistela, depois de muito ensaio, veio dar uma preciosa sobremesa, cujo paladar e aspeto  não revelam as suas origens. É como o  escravo que tenha passado a senhor.

Vou arriscar o convite para a prova  das «sopas de vinho», chamo-lhe sopas de vinho e não de cavalo cansado, por que era assim que  lhe chamavam nesta região.
                                         


SOPAS DE VINHO

                                              



Ingredientes:
1lt de vinho tinto; 2 dl de vinho abafado; 500g de açúcar branco;    200g de pão fino; 200g de manteiga sem sal; casca e sumo de 1 limão; 2 paus de canela,  mais 1 colher de chá de canela em pó; 5 cabeças de cravinho.

Nutrientes por 100g ≈ 432 kcal; 2g de proteínas; 18g de gordura, 70g de H.C.; 1 g de F.A.
                                                                                     
Confecção:
Corte  o pão em fatias finas e pequenas e torre-as na altura de ir utiliza-las.
Disponha de um vinho tinto aberto de muito boa qualidade, misture-o  com  o açúcar e leve ao lume  juntamente com  a casca do limão, as cabeças de cravinho e  os paus de canela,  deixe  ferver até obter ponto de pérola (108 graus centígrados), para  verificar este ponto, sem termometro, introduza a colher de mexer na calda e deixe esta (calda) cair, da colher, está no ponto se  suspender uma gota na ponta semelhante a uma pérola.
Quando atingir o ponto retire os aromas, junte a manteiga, o vinho abafado e deixe ferver até  atingir  de novo o ponto de pérola, nesta altura junte o sumo do limão, mexa e retire do lume.
Deite a calda a ferver numa taça funda e de imediato mergulhe as fatias nela.
Proceda de maneira que as fatias  fiquem bem mergulhadas e com calda abundante. deixando- as  completamente absorvidas  e transformadas em sopas, se forem demasiadas para a calda não as ponha todas.
Deixe  arrefecer a temperatura ambiente, seguidamente leve  ao  frigorífico.
  Antes de  servir polvilhe-as com canela e sirva- as frias.

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 Como no tempo de vindima também lembram os doces de fruta; compotas, geleias, marmelada, mas sobretudo a uvada que é  um dos doces mais característicos desta região e, admire-se, não leva açúcar.

    Aqui tem as matérias primas  e o produto acabado  

Chama-se este doce uvada  porque é feito com uva, ou seja do sumo da uva espremida para fazer o vinho a que se chama mosto.
Este mosto, acabado de espremer enquanto não  começa a fermentar, vai imediatamente para uma panela ferver até reduzir para cerca de metade. Claro está que a evaporação deixou mais concentrado o açúcar da uva (frutose).
Quando o sumo da uva (mosto) atinge esta concentração passa a chamar-se arrobe é então com este arrobe que se faz a uvada. Tome nota que uvada  não é a mesma coisa que compota  de uva.

Vamos então confeccionar a uvada
                          
Ingredientes:
2 lt de mosto (que já sabe, é feito de uva); 2 kg de maçãs de preferência reineta

V.E. ≈ 158  calorias por 100g
                         
Confecção:
Já tem a explicação do processo de fazer o arrobe, uma vez este preparado, meça-o, tome nota da medida e junte-lhe as maçãs descascadas e cortadas aos bocadinhos pequenos.
Deixe ferver em lume brando, mexendo de vez em quando para que não queime.
Deixe a uvada obter ponto de estrada (o ponto de estrada é atingido aos 110ºC, mas pode verifica-se arrastando a colher de mexer e ela deixar atrás um formato de estrada), quando a uvada  obtiver este ponto, retire-a  do lume.
 Tenha tigelas preparadas, bem lavadas, escaldadas e secas, coloque-lhe a uvada quente, deixe arrefecer, cubra com uma rede e exponha-a ao sol para enxugar.
Quando criar uma crosta à superfície, cubra a boca da tigela com um papel vegetal, rotule  e guarde em lugar fresco e seco.

Obs:
Também se pode adquirir a uva que seja bastante doce, espreme-la, fazer o mosto e com ele o arrobe.
O arrobe pode ser guardado em frascos devidamente desinfectados,  tapados e arrumados  em lugar fresco e seco. Nestas condições  o arrobe pode conservar-se em bom estado durante anos, podendo em qualquer altura ser  utilizado para fazer a uvada. Antigamente era também utilizado como adoçante.

                  























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