quinta-feira, 17 de outubro de 2013



S. MARTINHO, CASTANHAS E VINHO

                                          

Está a chegar o S. Martinho e de novo o vinho, mas de vinho  já falamos que chegue por enquanto.

Vamos às castanhas.

Há tantas maneiras de preparar castanhas, no entanto prevalecem sempre as assadas. porquê ? Será de perguntar  nas zonas dos soutos de castanheiros, como começaram a aparecer os magustos.
 Depois, as castanhas assadas  nem  precisam de receita, quanto às de  cor acinzentada, apregoadas ”quentes e boas” essa  é segredo que só os assadores de rua conhecem. Cozidas, basta que tenham  ou não tenham erva doce e isso é uma questão de gosto.
É verdade, a preposito de erva doce, já a encontrou alguma vez na beira da estrada? Repare bem, ela costuma habitar em terrenos altos e secos, também se lhe chama funcho, pois que na verdade ela  é uma das suas espécies. Aquela que tem exactamente o aroma que conhecemos, o da erva doce que adquirimos moída e embalada.
Bom, mas voltamos às castanhas, são muitas  as receitas com castanhas, sejam salgadas, ou doces.
Mas antes  vamos ao atum de barrica, associado às adiafas da vindima e sempre lembrado na estação do Outono.
Não gosta de atum de barrica? Prepare-o bem e verá que é bom!, mas também pode ir pelas caras de bacalhau, também não gosta? Então escolha sardinhas de Peniche, de Peniche, porque só as de Peniche são boas neste tempo.
Vamos lá ao atum:

                                    
                                 BATATAS COM ATUM DE BARRICA

                  


Ingredientes: (para 8 doses)  1,5kg  de atum de barrica, 2,5 kg de batatas; 300g de cebolas; uma folha de couve dura; orégãos; azeite e vinagre q.b.


   Confecção:

Ponha o atum de molho no mínimo 24 horas e mude-lhe a água várias vezes.
Ponha-o  a cozer em  água inicialmente  fria com uma folha de couve dura que deve retirar  e deita fora, a função da couve é absorver o ranço do atum.
Quando o atum estiver cozido retire-o da água da cozedura, retire a folha de couve e ponha-o  em água a ferver com um ramo de oregãos, prove de sal se estiver insonso tempere-o na conta certa, deixe-o ferver mais cerca de 5 minutos, de seguida escorra-o bem  e deixe-o ficar na panela.
À parte coza as  batatas com casca e abertas ao meio e as cebolas descascadas, mas inteiras, apenas com um golpe em cruz incidido no pé, para que fiquem mais bem cozidas e penetrada de sal.
Quando as batatas e as cebolas estiverem cozidas escorra-as bem da água da cozedura e deixe-as ficar abafadas na panela.
Para servir coloque o atum numa  travessa, seguidamente descasque as batatas e coloque-as noutra travessa juntamente com as cebolas e sirva  imediatamente. O tempero de azeite e vinagre é deitado directamente no prato, cada um à sua vontade.
O pão saloio  vinho tinto carrascão fazem uma boa parceria neste prato rústico de adiafa.

 Calorias, depende do azeite que lhe deitar. O atum fresco tem 140 kcal, as batatas têm 89, as cebolas têm 17 e o azeite tem 900,  todos por 100g.
 


Não quer mesmo experimentar o atum de barrica? Também não aprecia vinho cascarrão, então tem 
completa absolvição.
Não desanime, experimente um bolo de castanhas.
Escolhi,  a meu gosto, uma receita confiante de que vai gostar.


BOLO DE CASTANHAS




 Ingredientes:                                                           
300g de  miolo de castanhas ( cerca de 400g cruas com casca); 250g de açúcar; 6 ovos; 2 colheres de sopa de mel; 50g de farinha; 1 colher de sobremesa de canela; 1 colher de café de fermento em pó.                

Nutrientes por 100g
 ≈ 316 kcal; 4g de proteínas; 8g de gordura, 55g de H.C.; 2 g de F.A.
            
Confecção:
Antes de mais junte à sua volta os utensílios e ingredientes necessários, unte com margarina uma  forma, de preferência com  chaminé, e forre-a com papel vegetal, também  ligeiramente untado, no qual abriu um buraco ao meio.
Lave as  castanhas, golpeie-as, coza-as com a casca golpeada, depois de cozidas descasque - as enquanto quentes, passe-as  pelo passe vite e reserve-as.
Junte  o açúcar com  as gemas e bata bem a mistura, até ela se apresentar num creme fofo e esbranquiçado.
Junte a este creme as castanhas passadas, a canela e o mel e misture muito bem.
 Seguidamente bata as claras em castelo e envolva-as suavemente com o preparado.
Por último junte  levemente farinha, peneirada com o fermento, com movimentos longos e lentos.
Deite o preparado na forma  e leve-a  ao forno moderado durante cerca de 60 minutos. Verifique  se está cozido, espetando o bolo com um palito, se o palito sair seco o bolo está cozido e deve retira-lodo forno. Deixe  arrefecer um pouco e desenforme-o puxando pelas pontas do papel.


Experimentou o bolo de castanhas, gostou? Já sabia!

Então vai também experimentar  umas brindeirinhas, que não são nem bem doces, nem bem salgadas. São as brindeirinhas de S. Martinho, feitas com açúcar e torresmos.
Já estou a ouvir, que coisa é essa, açúcar e torresmos? - São coisas de saloios, mas o que é saloio é bom!
Sem mais conversa vamos às  brindeiras.



BRINDEIRINHAS DE S. MARTINHO


  
As brindeirinhas de S. Martinho, eram um aproveitamento dos recurso de uma época passada.
 A canela é já um acrescento da modernidade, inicialmente era apenas a erva doce que vinha ajudar  o açúcar ou mais antigamente o mel.
Os torresmos das matanças de porco que começavam no fim de outono, princípio do inverno, eram sempre aproveitados nas brindeiras, estas e as de milho.
As nozes e as passas mais usadas para o Pão por Deus, celebrado a um de Novembro,  também havia quem reservasse algumas para as brindeiras de S. Martinho.

Ingredientes:
800g de farinha de trigo; 200g de farinha de milho; 50g de fermento de padeiro; 1 colher de chá de bicarbonato; 400g de açúcar louro;400g de torresmos; ½ dl de azeite; 40g de erva doce; 1 Colher de chá de canela; 2,5dl de água; 1 pitada de sal. 
         
Nutrientes por 100g
 ≈ 377 kcal; 5g de proteínas; 13g de gordura, 61g de H.C.; 0,5 g de F.A.

Confecção:                             
Junte num alguidar, a farinha, o bicarbonato, o açúcar, a erva doce, a canela e os torresmos partidos aos bocadinhos pequenos. Facultativamente pode  adicionar passas e ou nozes, devendo, nesse caso,  ter em conta os  valores nutritivos dos mesmos que não foram quantificados nesta receita.
Desfaça  o fermento com água morna, misture muito bem e amassa-se todos os ingredientes, deitando água aos pouquinhos e com muito cuidado, para que não seja demasiada.
 Amasse  até a massa estar na consistência certa, a qual se percebe, quando  começa  a despegar das mãos, embora o ponto certo, só a experiência o possa indicar.
Quando a massa está pronta, faça  uma bola com ela, polvilhe com farinha, cubra  o alguidar com um pano, abafe-o com outro mais grosso  e deixe a massa levedar em ambiente moderadamente aquecido  e estável, durante 2 a 3 horas, até ela crescer para cerca do dobro.
Nessa altura, tenda pequenos pãezinhos (brindeiras), coloque-as num  tabuleiro untado com uma gordura (a margarina é a mais comum) e polvilhado com farinha e leve o tabuleiro  ao forno previamente aquecido, durante cerco de 30 minutos.
Quando  as brindeiras se apresentarem cozidas, o que se vê pelo aspecto,  retire-as do forno, coloque-as  sobre uma rede ou arrume-as num tabuleiro forrado com um pano branco de algodão,  inclinadas e não sobrepostas umas às outras.
Cubra-as com outro pano e deixe-as  arrefecer.
Depois de frias pode guarda-las, conservam-se durante uma semana ou mais  sem perder qualidade.

Se não voltarmos a falar mais este ano de S. Martinho e da  gastronomia desta época, embora haja muito mais de que falar, mas como se diz, cada coisa lembra no seu tempo e daqui a pouco este tempo já passou.
Vou apenas levantar a curiosidade para a associação que se estabelece entre o vinho e o santo Martino. Por quê? Certamente por ser tempo de colheita das uvas!  Pois que também existe o adágio popular – pelo S. Martinho vai à adega e prova o vinho-.  Quanto às castanhas? Será  a mesma coisa, é a época delas:
 A gastronomia é isso, tem as suas regiões, as suas épocas, em suma a história de cada povo contada através da comida e da bebida.
Voltando à questão do santo e do vinho. A História conta-nos a estrondosa importância que teve a vida deste homem no mundo, mas a lenda acrescenta mais alguma coisa, ou antes, omite umas e acrescenta outras.
O imaginário popular está cheio de fantasias em todo o mundo, mas curiosamente a maioria  delas com alguma história.
 Assim se passa com a lenda de S. Martinho que vale a pena fazer alguma pesquisa sobre ela e compara-la com a verdade histórica.
 

                                                                             

2 comentários:

  1. Só hoje dei com este Blog.....Como me escapou tanto tempo...!!
    É claro que não são receitas para um leigo fazer....mas são certamente
    para ler e absorver o muito que tem de interesse....Não sou bom a escrever,
    mas sou a observar....portanto voltarei a passar....
    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Olá Palmira...
    Este é mais um conjunto de óptimas receitas próprias desta época....!!!!
    Parabéns pelo belíssimo post.
    Bjs.
    Albertina

    ResponderEliminar