sábado, 12 de janeiro de 2013

GASTRONOMIA SALOIA




O SALOIO
Popularmente a designação de saloio ou saloia, caracteriza pessoa grotesca, de mau gosto, porém a designação de saloio ou saloia tem muito mais que se diga.

Miguel Paquete numa pequena obra  intitulada Cozinha Saloia, refere vários autores de outras tantas obras que se tem dedicado  ao estudo do passado remoto de uma população habitante dos arredores de Lisboa que vivia da produção agrícola. Cruzam-se várias opiniões de autores consagrados, como: Leite de Vasconcelos, Nogueira de Brito, Alberto Pimentel, Raul Proença e outros, sobre a ascendência deste povo com um estereotipo muito próprio, quer quanto à sua fisionomia escura e atarracada, quer quanto ao seu modo de vida laboral, forma de vestir e de conviver, bem como de hábitos e costumes alimentares.  Nas diversas opiniões encontra-se uma maior propensão para a origem do saloio, originalmente çaloio, tenha estreita relação com a gente moura, gente de Çalaa de ascendência árabe e berbere.                     

Segundo Orlando Ribeiro, o modo de vida dos habitantes do primeiro anel circunscrito à cidade de Lisboa era ligado às hortas com os engenhos das noras para rega, complementado este labor pela criação de animais, cujos produtos dos mesmos e das hortas iam vender a Lisboa. São típicos os pregões dos ovos, do leite, dos queijos, dos perus, dos morangos, das favas, etc..

Mais afastado fica o segundo anel, onde se encontra o predomínio das culturas mediterrânicas: pão, vinho e azeite, esse anel circunscrito aos concelhos vizinhos de Lisboa, estende-se até Caldas da Rainha, com inclusão de Torres Vedras, Lourinhã, Cadaval Arruda dos Vinhos, Alenquer e Sobral de Monte Agraço.

Para o que nos interessa, a Gastronomia, encontramos documentos muito semelhantes de hábitos e costumes alimentares referentes, quer ao quotidiano, quer a  ocasiões  festivas e  religiosas, onde estão patentes preceitos de saúde e recursos económicos definidores de uma cultura própria, localizado na periferia de Lisboa  que  definem a  etnografia da província da Estremadura.


   Pesquisa de Palmira Cipriano Lopes
               
Fontes:
              Manuel Paquete, Cozinha Saloia, hábitos e práticas alimentares no termo de Lisboa, sd;
              Manuel J. Gândara, Sabores  Cheiros e Comeres Regionais de Mafra, 1998.
              Turres Veteras XI,  A GUERRA PENINSULAR,
              Doc. Div. do Arquivo da Camara Municipal de Torres Vedras.                             

Imagem,  postal publicitário da exposição de António Perdigão, na Biblioteca Municipal de Torres Vedras, de 01a 24-03/ 2000
                 
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BOLINHOS  SALOIOS




Ingredientes
Quant.
Farinha de milho
300g
Farinha de Trigo
300g
Mel
200g
Açúcar louro
150g
Azeite
1dl
Manteiga pura
50g
Gemas
3
Erva doce
1 c/ chá
Canela
1 c/ café
Banha p/a untar
≈ 25g
















Confecção:
·         Juntam-se  todos os ingredientes numa tigela de bolos e amassa-se apenas o suficiente para os ligar  numa massa que deve ficar dura.
·         De seguida tendem-se pequenas bolinhas  que se colocam no tabuleiro untado com banha  e polvilhado com farinha de trigo.
·         Leva-se o tabuleiro ao forno previamente aquecido a uma temperatura de cerca de 200ºc e deixa-se os bolinhos cozer durante 10 a 15 minutos.
·         Quando   cozidos retiram-se do forno,  põem-se a arrefecer sobre uma rede sem se sobreporem.
·         Depois de frios podem guardar-se dentro de recipiente fechado, arrumado em lugar fresco e seco.                              
·          Podem durar mais de um mês em bom estado de conservação.

                                                                       Valor Energético: ≈ 460 kcalorias por 100g
               
Obs:
§  Estes bolinhos, com ligeiras diferenças,  respondem a três nomes: Bolinhos saloios, Bolinhos de mel e  Bolinhos de milho.


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                                   PÃO DE LÓ SALOIO



Ingredientes
Quant.
Ovos
12
Açúcar
250g
Farinha
150
Fermento
1 c/ chá
Marg. p/a untar
≈ 25g

                
             



Confecção:

·         Prepara-se uma forma, com cerca de ¼ de volume superior ao do preparado para o bolo, podendo ser com ou sem chaminé ou mesmo  um tacho, que era a forma primitiva de cozer este bolo.
·         Unta-se a forma, com margarina e forra-se  com papel vegetal também ele ligeiramente untado. Juntam-se  os ovos inteiros com o açúcar, adiciona-se uma pitadinha de sal refinado e bate-se até obter uma gemada cremosa (cerca de 20 minutos com a batedeira elétrica).
·         Junta-se a farinha peneirada com o fermento e envolve-se suavemente com o preparado.
·         Deita-se na forma e leva-se a cozer em forno previamente aquecido, mas moderado, durante cerca de 20 a 30 minutos.
·         Experimenta-se se está  cozido, espetando um palito, se vier seco está cozido, ou puxa-se o papel de lado, se despegar seco também é indicação de que está cozido. Retira-se do forno, deixa-se arrefecer um pouco e desenforma-se.

                                                                                      Valor Energético: ≈ 300 kcalorias por 100g                                      
  Obs:
           As proporções  são de: 1 ovo,  21g de açúcar  e 12,5 g de farinha.

Existe no país, talvez  mais de uma dezena de variedades e Pão de Ló. À  leveza e delicado sabor  deste bolo, se deve a  sua boa reputação, levada  como iguaria portuguesa bem para longe de Portugal.
 Na Estremadura existe  o  Pão de Ló Saloio, também chamado pão de ló dos casamentos,
E o Pão de Ló Cremoso, sobre o qual ainda falaremos.


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 TORTA  SALOIA




                                                                     
Ingredientes
Quant.
Ovos
12
Açúcar
250g
Farinha
150
Fermento
1 c/ chá
Marg. p/a untar
≈ 25g
Marmelada
250g








Confecção:           
·       Prepara-se  a marmelada, diluindo-a com um pouco de água  se for dura, de modo a que fique uma pasta mole e fácil de estender sobre a base da torta ainda quente.
·         Prepara-se  um tabuleiro quadrado, onde a massa caiba bem estendida, unta-se com margarina e forra-se  com papel vegetal, também  ligeiramente untado e  liga-se o forno a temperatura média.
·         Prepara-se  uma massa igual à do Pão de Ló Saloio,  batendo bem os ovos inteiros com o açúcar até  se obter um creme esbranquiçado (cerca de 20 minutos na batedeira eléctrica).
·         Seguidamente junta-se a farinha peneirada com o fermento, deixando-a cair aos poucos e envolvendo-a bem, com movimentos longos e suaves.
·         Deita-se no tabuleiro  e leva-se  ao forno previamente aquecido, mas moderado, durante cerca de 18 a 20  minutos. Atenção à cozedura que  deve  ficar na medida certa para enrolar a torta, ou seja, completamente cozida, mas muito mole.
·         Retira-se o tabuleiro do forno e imediatamente de seguida retira-se o bolo do  tabuleiro, puxando pelas pontas do papel.
·         Estende-se a marmelada  sobre  a base da torta*,  enrola-se  com ajuda do mesmo papel que forrou o tabuleiro e deixa-se  ficar até arrefecer.
·         Depois da torta fria polvilha-se com açúcar areado.

* Ver Marmelada em Transformação e Conservação de Frutos, publicação  de 29/ 09/2012 

                                                                                                                          Valor Energético: ≈ 310 kcalorias por 100g
Obs:
         1)  Esta é a torta saloia, também chamada torta de amor  ou travesseiro de noiva, ainda que haja outras  com  este nome.
      2)  A massa de base  é a mesma massa do pão de ló saloio.
           3)  Mais doçaria saloia encontra-se na publicação  de 29/10/2012

1 comentário:

  1. Olá Palmira......!!!!
    Que belo texto e que coisas deliciosas que aqui nos traz.....!!!!
    Parabéns...
    Continuamos à espera de muito mais.....
    Beijinhos
    Tenha um óptimo domingo
    Albertina

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