Nota prévia: 
Esta casa da avó
não é de nenhuma avó nem de ninguém em especial.  Ela  é
antes a representação das casas de todas as avós, ou seja das vivências
passadas onde se entrecruzam todos os fatores que constituem a gastronomia. Para
isso foram repiscadas algumas imagens e expressões muito comuns, recordadas
ainda hoje por quem tenha boa memória.
E
então:
Na casa da avó tudo é bom , mesmo o que parece não ser. 
A parede  tem um
cheiro bom  a cal, é branca, seca  e saudável. 
O sobrado lavado semanalmente, sobre  o qual 
é estendido aquele tapete de trapinhos de que “eu” tanto gosto.
E a  cozinha, ah! 
a cozinha grande de pedra,  com o
fogão a irradiar calor e as panelas  a
borbulhar o insustentável  caldo que dela
transborda  acompanhado daquele  cheirinho 
a comida da avó que logo faz crescer água na boca.
E a
criançada pergunta:
 - Avó o que é hoje o jantar?
- Olhem  são beiços de alguidar!
- Ah! , mas
então não diz o  jantar diga a ceia.
- A
ceia,  à 
a ceia são morrões de candeia!
- A avó  tá
sempre a brincar, diga então o que é que a gente  tem pa comer?
- Para
comer, hoje, ah , hoje temos  bifes de
cabeça chata!
Existe  na gastronomia  familiar um rosário de expressões, como estas
,  que expressam míngua de certos
alimentos a que   nos habituamos e hoje não conseguimos
dispensar.
Quem se
imagina hoje a viver  sem a carne ou o
peixe a cada refeição,  as batatas
(fritas), a fruta  durante o ano
inteiro,  o pão cozido em cada dia  a entrar em casa sem mais trabalho ou
preocupação  que não seja comprar e pagar.
Ou aquelas guloseimas, e tantas são que nem dá para  enumerar e mais  as bebidas engarrafadas ( cheias de açúcar).
Mas nada do que há hoje,  se  assemelha  ao que havia em
casa da avó.
              
                               
Aqueles aromas  a saltar da lenhosa chama  resplandecente de luz e cor davam à cozinha
um esplendor ressaltante do meio do nada para tudo ser. 
- Olhem  a sopa!
- O “comer”
é sopa?
- É,  e só para quem quer!
- E quem não
quiser?
- Não come!
mais fica pá ti Anica!
Vamos então preparar a
sopa
SOPA
DE ABÓBORA COM FEIJÃO BRANCO E HORTALIÇA
Ingredientes:  (para 4 litros de
sopa,10 doses)
600g de Abóbora;
 400g de feijão branco seco; ½ dl de
azeite; 200g de cebola; 400g de couve portuguesa;  1 raminho de salsa; 1 colher de café de
cominhos; água e sal q.b.      
Nutrientes por dose  (4dl = 400g): 149 kcal ; 11g de prot.; 5g de gord.;
15 g h.c.; 12g de  f.a. 
Confeção:
Ponha
 o feijão de molho em água durante
algumas horas, quando ele estiver completamente hidratado ponha-o a cozer na
panela da sopa em água inicialmente fria.
Prepare  a couve, cortando-a  aos bocados pequenos  e junte-a ao feijão quando  este estiver cozido. 
Prepare
a abóbora (a variedade menina é a mais comum nesta região, mas pode ser outra) descascando-a  limpando-a de interior e cortando em cubos
pequenos. 
Noutra
caçarola refogue  ligeiramente a cebola
com o azeite e junte-a  na panela.
Na
mesma altura junta-se a abóbora e a salsa picada e deixa-se cozer.
Quando
todos os ingredientes estiverem cozidos (feijão, couve e abóbora),  tempere a sopa com sal e com os cominhos,
acrescente  mais água se necessário, até
à medida da sopa, deixe  levantar fervura
e retire do lume. 
Obs:                                                      
Esta
é a sopa  tradicional, mas pode  com os mesmos ingredientes, aproveitando os
meios modernos que existem hoje, fazer uma sopa de puré. 
Para
isso coza  juntamente  o feijão, a abóbora, a cebola e a salsa.
Depois destes ingredientes cozidos, junte o azeite e triture todos com a
trituradora de cozinha (varinha mágica).
Prepare
a couve como para o primeiro processo, coza-a à parte e junte-a à sopa(com o
puré é preferível cozer a couve à parte para que o caldo gomado não pegue e
deixe gosto a queimado).
Tempere
igualmente com o sal e os cominhos, acrescente água se for necessário, deixe
levantar fervura e retire do lume. 
O
sabor dos cominhos liga muito bem com o feijão branco e neutraliza o sabor
acentuado da abóbora menina. Pode, no entanto, substituir os cominhos por outro
sabor a gosto.
                                 E  agora os bifes de cabeça chata
Aqui os temos. Um prato de sardinhas panadas.
As tiras de  
pimento são para fazer o ramalhete ou para indiciar um arroz de pimentos
para acompanhamento.
Ingredientes:
1kg de
sardinhas; 1 dente de alho; 200g de farinha de milho; 2 folhas de louro;  óleo e sumo de limão q.b.                    
Nutrientes por 100g  343 kcal ; 19g de prot.; 23g de gord.; 14 g h.c.;
0,5g de  f.a. 
Confeção:
Ponha  as sardinhas na água um bocadinho para lhe
retirar melhor as escamas.
Escame-as
,retire- lhe as vísceras, as cabeças e a espinha central, deixando-as
espalmadas.
Apare
 a barbatana do rabo e retire  a maior quantidade possível das restantes
espinhas.
 Tempere com sal, malagueta picada, alho
picado, louro com a nervura central retirada e sumo de limão.
Deixe
tomar o tempero durante uma a duas horas.
A
seguir , sacuda  o tempero com a mão, passe
 as sardinhas por farinha de milho e
frite-as em óleo quente, mas não demasiadamente. 
Depois
de fritas escorra-as sobre papel absorvente e sirva-as preferencialmente
quentes.
Obs:
Tome
cuidado com o sal e com a malagueta, não esqueça o que foi  recomendado 
na última publicação em  07.11.2013 sobre malagueta,  que além de um bom tempero, é também um  alimento benéfico para a saúde, mas, como
tudo,  em excesso pode ser contra
producente no tempero e até prejudicar à saúde.
Uma
nota sobre sardinha e saúde alimentar. 
Os
nutricionistas recomendam hoje a sardinha como 
um bom alimento por ser  rica em  gordura portadora dos muito falados  ácidos Omega 3,  benéficos para a saúde.













