Vamos aproveitar o que temos à
porta de casa.
Sendo Portugal um país agro-florestal, o bucolismo de um pastor com o seu rebanho, é um quadro, onde
cabe uma boa parte do país.
Deste quadro pastoril, resulta a imagem
de uma economia de
autossuficiência.
Os animais produzem o leite a
carne, as peles e adubam os terrenos.
Este bonito rebanho de cabras acompanhado do pastor e do seu cão, percorre quilómetros diariamente pastoreando
superfícies de ervas e matos.
Ao alimentarem-se os animais também contribuem
para a renovação vegetativa, criando assim um ciclo de
equilíbrio ecológico.
Para lamento da natureza
este enquadramento paisagístico tem cada vez mais tendência a
desaparecer.
A produção
seja de alimentos ou de outros bens é cada vez mais industrializada e os
animais mantidos como peças fabris, sem
a companhia do pastor e do seu cão guia que eles tão bem conhecem.
Longe vai o tempo em que os
queijos frescos nos vinham bater à porta pela mão dos produtores.
É conhecido o pregão do queijo saloio vendido em Lisboa e todo aquele pitoresco de uma cidade animada diariamente por vendedores ambulantes apregoando os mais frescos alimentos vindos do campo.
Temos, no entanto, que concordar que os
preceitos de higiene, principalmente no que concerne à saúde dos animais (como a brucelose nos caprinos) passaram
a ser mais conhecidos e legalmente
regrados, o que trouxe benefícios à
saúde, quer animal, quer humana.
Os lacticínios frescos, como o
queijo e o requeijão, que hoje adquirimos no mercado são higienicamente preparados e certificados pelas organizações
oficiais de qualidade alimentar.
Mas, sendo os processos industrializados e com garantia de maior assepsia, não deixam de ter a mesma origem.
O leite não vem do pacote, nem o
queijo da mais ou menos apresentável embalagem.
Só a paisagem mudou, porque
a gastronomia essa ficou. Aqui ou ali modernizada, mas vem de traz.
Por
curiosidade vou referir uma forma artesanal de fazer o queijo.
Com o leite à temperatura da saída da teta do
animal, se fosse necessário
amornava-se e deitava-se um pouco de coalho
que podia ser vegetal (cardo) ou animal (estômago de cabrito lactante) ou coalho em pó
adquirido na farmácia.
Qualquer deles era misturado no
leite deixando-o a coalhar durante algum
tempo, ao fim do qual era o leite
escorrido do soro, moldados os
queijos, temperados com sal e postos a secar.
Do soro
escorrido do leite, também chamado almece, era feito o requeijão.
Consideremos este processo o da gastronomia de ontem.
Hoje encontramos tudo feito com
uma interminável variedade de escolha, mas mesmo assim podemos satisfazer a nossa curiosidade preparando em casa um requeijão rápido
e porventura mais barato que o adquirido feito.
Ora então:
REQUEIJÃO
FEITO EM CASA
( Receita
gentilmente cedida pela minha colega e amiga Fatinha)
Pegue num litro de leite (
indiferente ser mais ou menos gordo, é a seu gosto e preferência) uma a duas colheres de vinagre, experimente se uma não resultar suficiente acrescente outra.
Leve o leite a levantar
fervura e junte-lhe o vinagre, o leite
enzima imediatamente.
De seguida deite-o no cincho
(qualquer forma com buraquinhos, podendo ser as descartáveis dos queijos
frescos ), deixe-o arrefecer um pouco e coloque-o no frigorífico.
Quando o
leite, assim enzimado, estiver refrigerado está capaz de utilizar.
Este é o processo da gastronomia
de hoje.
Considere, no entanto, que conforme há vários tipos de requeijão e os de melhor ou pior qualidade, também
o seu pode não ser dos melhores.
Como estamos a falar de requeijão trago de seguida uma receita de tarte de
requeijão.
TARTE DE REQUEIJÃO
Para
a massa:
175g de farinha; 1 colher de chá
de fermento em pó;50g de açúcar; 75g de manteiga ou margarina;1 ovo; 25 g de margarina para
untar.
Para
o recheio:
350g de requeijão ou queijo fresco; 25 g de manteiga; 85g de açúcar; 3 ovos; sumo e raspa de 1 limão;
compota de abóbora q.b.
Nutrientes
por 100g ≈ 360
kcal; 26g de prot.; 20g de gord. ;33g de h.c. ; 1g de f. a.
Confeção
da massa de base:
Misture numa tigela, a farinha peneirada com o fermento, o açúcar e a manteiga ou margarina e amasse até os ingredientes começarem a ligar. Junte o
ovo e amasse até ele se impregnar na
massa, se for necessário passe a mão por
água para dar mais brandura à massa.
Depois de amassada ( basta que os
ingredientes estejam ligados), faça uma
bola e deixe-a descansar 20 a 30 minutos.
Findos estes, passe
a massa para uma superfície lisa
polvilhada de farinha e trabalhe-a até ela ficar maleável.
Seguidamente estenda a massa com o rolo sobre um papel vegetal untado, procurando que esta fique circular(é
uma operação delicada, mas fácil).
Coloque a massa com o papel dentro da forma da tarte
e, com os dedos, corte a que transborda
da forma, seguidamente coloque dentro o
recheio que entretanto preparou.
Confeção
do recheio:
Bata o requeijão com o açúcar e a manteiga até obter um creme e vá juntando os ovos um de cada vez e continuando a bater.
Junte a raspa e sumo de limão, mexa e deite o recheio na forma forrada com a massa sobreposta ao
papel.
Leve ao forno, previamente
aquecido, e deixe cozer durante cerca
de 20 a 30 minutos.
Quando a tarte se apresentar, corada e o recheio firme, retire-a do forno.
Na altura de servir, que deve ser preferencialmente quente, sobreponha-lhe a
compota.
Obs:
Os
nutrientes acima não inclui os
nutrientes da compota, os quais são indicados na receita seguinte.
COMPOTA
DE ABÓBORA MENINA
Ingredientes:
1kg de abóbora;
750g de açúcar; casca e sumo de 1
limão; 4 paus de canela.
Nutrientes
por 100g ≈ 226
kcal; vest de prot.;
vest. de gord. ;57g de h.c. ; 1g de f. a.
Confeção:
Parta a abóbora às talhadas, descasque-as e limpe-as de pevides e mucilagem interna.
Corte
as talhadas aos cubos,
ponha-os em água e sal e deixe de
um dia para o outro, ou de 4 a 8 horas.
Findo esse tempo, escorra os cubos da abóbora e passe-os por água para perder o sal.
Junte-lhe
o açúcar, o vidrado da casca de limão e os paus
de canela, deixe o açúcar macerar
com a abóbora e leve-a ao lume até fazer ponto de estrada .
Pouco antes de terminar junte o sumo de limão, deixe ferver mais um a dois minutos, mexa,
retire do lume e enfrasque pelo processo indicado na publicação de 27 de Setembro de
2012.
OUTRA
RECEITA DE ABÓBORA MENINA
Com os mesmos
ingredientes prepare outra receita de abóbora
menina.
Depois da abóbora
limpa, como na primeira receita, coza as
talhadas inteiras, com um pouco de sal.
Logo
que a abóbora esteja cozida e não demasiadamente, retire-a do lume e
introduza-a em água fria.
Depois de arrefecida, desagregue os fios uns dos outros, separando-os na água.
De
seguida escorra-os espremendo-os de encontro a um passador.
Leve
o açúcar ao lume com 1/3 do
seu volume de água, o vidrado da casca de limão, partido em pedacinhos pequenos
e os paus de canela e deixe fazer ponto de areia ( ver pontos de açúcar na publicação de 05.11.2013)
Quando o açúcar atingir este ponto retire os paus de canela e junte a abóbora bem escorrida.
Envolva bem na calda e deixe ferver
até fazer ponto de estrada.
Junte o sumo de limão, mexa, deixe ferver mais um a dois minutos, retire do lume, enfrasque pelo processo indicado na receita anterior.
Obs.:
Qualquer
destes dois processos pode ser aromatizado com outros aromas como:
laranja, gengibre, cerejas
cristalizadas, e outros a gosto, bem como misturar frutos secos..
O
processo 2. é menos atreito a
cristalizar que o processo 1 e presta-se mais para doçaria, mas tem menos
conservação
As variedades
de abóboras diferem muito
umas das outras, por isso, ao referirmos qualquer
preparado culinário de abóbora, compota
ou outros , especialmente doçaria,
devemos referir a variedade da abóbora, com que é feito.
PS. Numa próxima publicação voltaremos a falar de abóbora, das
muitas variedades e suas aplicações.
Sem comentários:
Enviar um comentário