sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ESTAMOS NA QUADRA DOS SANTOS


            


Ao dia de Todos os Santos também se chama  o dia do Pão por Deus. Esta tradição  está carregada  de simbologia pagã  que remonta   ao tempo dos  romanos.
A religião é um forte vínculo da união de um povo e de uma civilização. Os romanos que praticavam a religião pagã e a disseminaram no mundo por onde passaram, anteriormente à religião cristã, festejavam as quatro Estações do ano, Solstício de Verão, Solstício de Inverno, Equinócio de Primavera e Equinócio de Outono.

No Equinócio de Outono festejavam as colheitas e louvavam, por elas, ao Deus Sol. A religião cristã procura dar a essas quadras o sentido cristão, que inicialmente não tinham. No princípio do cristianismo  os santos venerados eram apenas os mártires com as celebrações em seu louvor prestadas nos subterrâneos das catacumbas.

No século VIII,  Gregório III manda erigir na Basílica de S. Pedro em Roma, a  capela  dedicada ao Divino Salvador e a sua Santíssima Mãe, aos apóstolos e a todos os mártires e confessores. Começou por aqui a  prestar-se culto a todos os santos da igreja.

No século IX o Papa Gregório IV fixa a data desta religiosidade para 1 de Novembro, tornando-se universal no mundo católico e constituindo uma das principais  solenidades da religião cristã.

No final do século X  a Igreja Católica associa a estas celebrações às de devoção   pelos fieis defuntos e orações pelo seu  eterno descanso, mas o povo não se dissocia das  tradições pagãs e continua a festejar o Equinócio com as práticas antigas  associadas às colheitas e à abundância.

Mais tarde, a Igreja  passou a devoção dos defuntos para o dia  2 de Novembro, ficando  o dia 1 dedicado a  todos os santos.  Separando esse dia do da devoção pelos defuntos, o povo continuou  a manter as antigas devoções pagãs, que festejavam a abundância, das colheitas.

A tradição do  Pão por Deus está assim associada às praticas pagãs da abundância, práticas que a Igreja, com o tempo tem vindo a cristianizar, ensinando que, por Deus, os mais abastados repartam com os mais necessitados.

Assim se instalou o costume de repartir as colheitas, engrossando nesse dia as esmolas e por esse  ato caritativo alcançar merecimento de um lugar no céu, procedimento que fazia com que  a festa da abundância  chegasse  a todos.
O povo assim o interpretou e continuou, ainda que   de  modo diferente, a  praticar a tradição pagã, que até  hoje prevalece.
O peditório do Pão por Deus, feito pelas crianças, à porta dos vizinhos e amigos, bem como o presente das broas ou iguarias equivalentes, não representam hoje qualquer  sinal de pobreza, nem tão pouco de culto Pagão ou Cristão.

Elas representam, antes, um sinal de que o povo se agarra a símbolos do passado, que completam  as suas vivências do presente, ainda que muitas vezes, sem dar qualquer importância às  suas origens  ou ao   significado que então tiveram.









BROAS DOS SANTOS  







     
Ingredientes
Quant.
Ingredientes
Quant.
Farinha
1kg
Nozes
100g
Fermento pad.
50g
Pinhões
50g
 Bicarbonato
1 c/ chá
Limão, casca
de ½
Açúcar
500
Erva doce
100g
Margarina
200
Água
≈ 2,5dl
Azeite
½ dl
Sal
1 pitada

          Dia 1 de Novembro
 
                      
                                                                      
Confeção:
Ferve-se a casca de limão na água, deixa-se arrefecer até ficar morna.
Deita-se  num alguidar a farinha, o bicarbonato, a erva doce, o sal, o fermento desfeito na água morna da fervura do limão e a margarina amolecida.
Misturam-se  todos os ingredientes e começa a amassar-se ligando-os bem até humedecerem, se for necessário vai-se deitando pequenas gotas de água, mas com muito cuidado, porque a massa deve ficar homogénea, mas dura.
Quando a massa se começa a despegar das mãos e a ficar um pouco rendada e elástica, é sinal de que a amassadura está pronta.
Nesta altura juntam-se as frutas envolvem-se bem na massa, faz-se uma bola no próprio alguidar, cobre-se com um pano de algodão branco, abafa-se com um cobertor e deixa-se a massa levedar em ambiente moderado e estável durante umas duas a quatro horas.
Depois da massa leveda, retira-se  do alguidar, separam-se pequenos bocados que se moldam, com as palmas das mãos, em forma de pequenas bolas, que se colocam num tabuleiro previamente untado com margarina, forrado com papel vegetal, também untado ligeiramente  e polvilhado com farinha.
Leva-se o tabuleiro ao forno previamente aquecido, a temperatura de 200º durante 20 a 30 minutos, passando a meio da cozedura para temperatura mais baixa. ( se for em forno de lenha, conforme com a tradição, então terá que se conhecer as normas desse tipo de  forno).
Quando  as broas se apresentarem cozidas,  retiram-se  do forno e colocam-se  sobre uma rede ou diagonalmente noutro tabuleiro, sobre  um pano até arrefecerem.
Depois de frias podem sobrepor-se e guardarem-se, até três a quatro semanas em recipiente bem fechado, para que não amoleçam.


Nutrientes  por 100g  ≈
V. E.
Prot.
Gord.
H.C.
F.A.
kcal
g
g
g
g
422
7
16
63
2



Obs:
Estes bolinhos, tradicionais da região saloia, chamados  broas, datam da antiga civilização pagã, que celebrava  a festa equinocial  relacionada com as colheitas em louvor aos deuses, sobretudo ao deus sol, mas também à formenta, deusa do pão. A igreja católica instituiu em seu lugar a festa de todos os santos, tocada pela devoção aos finados. Conservando-se da antiguidade o agradecimento pelas colheitas, expresso pelo gesto caritativo do «Pão por Deus» que se dá e se recebe.

Sem comentários:

Enviar um comentário